Na publicação anterior coloquei a imagem do painel central do tríptico que é, hoje, objecto deste espaço. Prometi que agora daria a conhecer os outros dois paineis. Fazem-se acompanhar por alguns detalhes de cada um deles, assim como de uma pequena imagem com o tríptico completo, para situar as suas respectivas posições. O trabalho, na sua apresentação actual, emoldurada, tem as dimensões de 122x394 cm, e é pintado a óleo sobre tela.
"Ele morrerá e eu morrerei...
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também , os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo debaixo de coisas como tabuletas...."
Álvaro de Campos
As estórias realmente interessantes são as que nunca foram escritas, porque não podem ser escritas. Passam-se em lugares que não conhecemos porque não podemos conhecer e em espaços e tempos divorciados dos nossos. Talvez ao lado, em dimensões cruzadas. Mas, eu acredito que as personagens que as habitam nos vêm visitar, porque são filhas do mesmo Pai que nós, que é Pai de tudo o que conhecemos e de tudo o que desconhecemos porque no infinito universo há lugar para tudo. Para tudo o que podemos conceber e para tudo o que está para além dos limites da nossa imaginação. Por isso nos visitam. Mas aqui nascem, vivem e morrem, sem que nos apercebamos. Contemplam-nos. Sorriem quando agarramos numa chávena de café e levantamos o dedo mindinho. Aqui, neste lugar, só os nossos deuses e demónios os podem ver e os acompanham à chegada e à partida, e à volta deles rodopiam, enquanto nos olham. Depois, quando cegamos com o escuro das noites, sopram aos nossos ouvidos os ecos das suas linguagens, sem palavras.
Pergunta: Há sonhos no seu mundo?
Resposta: De certa forma, toda a vida é como um grande sonho. Eu estou a olhar para si, mas, na realidade não sei nada de si - isto é um sonho, um mundo de sonhos . Aqui não existe uma realidade. Quando uma experiência estrutural não manipula a consciência ( ou o que se lhe queira chamar) a vida é um grande sonho, do ponto de vista experiencial - não deste ponto de vista; mas do seu ponto de vista. Como vê, você confere um sentido de realidade às coisas - não apenas aos objectos, mas também aos sentimentos e experiências - e pensa que elas são reais. Quando não as traduz em termos dos seus conhecimentos acumulados, elas não são nada; na realidade, você não sabe o que são.
Pergunta: Então, o estado de ignorância é como viver num sonho?
Resposta: Para si. Na relação com a realidade que dá às coisas, você chama a isso o estado de desconhecer um sonho. Na verdade eu nem sei se estou vivo ou morto.
U.G. Krishnamurti
17 comentários:
Somos o tempo de passagem ou um ponto de passagem no tempo que fazemos nosso. Somos poetas assim consigamos ser poema para nos sentirmos inteiros.
Escrevemos nos dias a nossa própria estória na tentativa de ligar os tempos de que não conhecemos os limites ao nosso próprio tempo para assegurarmos a estória da nossa própria existência.
Somos o tempo de estarmos vivos. Enquanto tal, entras tempo adentro ao encontro de tudo o que está para além de todos os limites do tempo que não é o teu. E fazes obra que é a tua. Voltas aqui e dás-nos a obra que trouxeste contigo e se te fez das entranhas, do lugar de ti onde ninguém mais conhece que não tu. Ou nem tu pois muito bem sei do espanto que te vence completo que esteja o trabalho de que sais.
Eu que sei como acontece o processo porque o vivo em paralelo sei que há sonhos no teu mundo e que é atrás deles que corres. Um antes que se te acabe o outro como deve ser...
O meu beijo sempre, neste tempo que é o nosso, com amor que é o nosso também.
absolutamente "E.maravilhada" com a expressão mais que plástica....um misto de Pintura/escultura/Falante!
Um criar absoluto!
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saio.
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rendida.
Antonior:
Concordo plenamente com a resposta à 1ª pergunta. A 2ª não.
Como pode a ignorância gerar sonhos?
Gostei de ver os promenores dos quadros.
Beijinho
Apreciei imensamente!
Estamos, de facto, de passagem...
num tempo sempre de novas descobertas.
No "meu mundo", eu vivo um outro mundo dentro dele, por vezes um outro tempo.
Gostei das suas palavras: "O tempo transforma, lentamente, a memória numa pequena vida doce dentro de nós, e acompanha-nos sempre, mesmo quando não damos por isso, ou julgamos não nos lembrar. Incorpora-se em nós..."
O tempo... sempre o tempo...
Obrigada.
Abraço
Olá, Antonior
Estou aqui, neste post, mas vou me referir à tua resposta ao comentário no anterior. Na realidade, sempre que traçamos linhas ou compomos quaisquer objetos, colocamos o nosso "eu" nesta obra. É impossível alguém fazer qualquer traço que não tenha a sua identidade. Se estás quieto e com uma folha à tua frente... pegas um lápis e fazes traços que, para ti, nada querem dizer... Podes ter certeza que querem dizer muito. Então, não tem como não percebermos o artista pela obra. Sempre perceberemos. Mesmo que este artista diga que "forjou" os traços. Mesmo que diga que "estudou" cada traço...
Na Bíblia temos uma expressão: "A boca fala daquilo que o coração está cheio". É verdade. A boca fala, o ser cria... de acordo com seu coração. Os senhores da guerra criam armas. Os senhores da paz plantam jardins e hortas comunitárias.
Assim, em tudo temos a identidade do autor.
Quanto ao tentar reproduzir a obra do Criador. Com certeza, jamais nós, seres humanos, retrataremos a perfeição. Mas retrataremos aquilo que sentimos no exato momento que estávamos pintando. Digo mais. Se nos impulsionou a pintarmos, é porque diz alguma coisa "nossa". Identificamo-nos com a paisagem, com a cor e sombra, com o por-do-sol. Identificamo-nos com o que vemos e colocamos o que sentimos em relação ao percebido.
Jamais somos meros espectadores do externo. Somos, sim, espectadores atuantes. E, na realidade, existimos e como!!! Basta olharmos à volta.
Somos responsáveis pelo que aqui plantamos e o que aqui dizemos. Somos responsáveis pelo que fazemos e pelo que criamos. Somos responsáveis pela nossa passagem por aqui. Pois somos ativos num mundo criado para todos. Infelizmente, o coração de muitos está completamente afastado do verdadeiro sentido da criação.
Infelizmente, não vou poder comentar este teu post. Mas, - quem sabe? -, um dia falaremos a respeito.
Só tenho a te dizer que, em mim habita o Espirito Santo de Deus. Somente Ele. Ele que me guia e me mostra os caminhos que devo andar. Ele que me cuida e protege.
Somos, querido amigo, aquilo que nos faz querer ser melhores a cada dia. Somos a vontade de crescer, de agir, de sentir o outro e no outro, somos o que queremos no momento e o que sonhamos para o futuro. Pois nossas buscas nos levam à procura de nós mesmos e da perfeição.
Abominamos o mal. Porque não nos faz bem. E se não nos faz bem é porque não fomos criados para viver nele.Fomos criados para viver o Amor e o Perdão. A misericórdia e a com/paixão. Fomos criados para viver a plenitude da paz. E a buscamos a cada dia, a cada minuto. Alguns a encontram - não interessa grau de instrução, cultura, nível de classes. Porque esta paz está acima de qualquer critério humano.
Deus abençoe a ti e Girassol.
Desta amiga de longe.
Miriam
Antonior
Nestas coisas não há nada como realmente. Saia já o pleonasmo: começo pelo princípio…
Uppaluri Gopala Krishnamurti (Julho 9, 1918 - Março 22, 2007), mais conhecido como U.G. Krishnamurti, ou apenas U.G., era um homem sábio indiano autodidacta, independente face a todas as escolas do pensamento, filosofia ou tradição. Rejeitou a base primária do pensamento e ao proceder assim, negou todos os sistemas do pensamento e do conhecimento.
Esta afirmação era experimental e não especulativa. As suas considerações originaram diversos livros feitos por muitos que o visitavam e com ele conversavam, por vezes prolongadamente. Vídeos e registos áudios também assim nasceram. A sua frase que se pode considerar a síntese do seu pensamento ficou para a eternidade: “Digam-lhes que não há nada para compreender.”
Isto explica as respostas que aqui inseriste e que são sintomáticas:
«De certa forma, toda a vida é como um grande sonho. Eu estou a olhar para si, mas, na realidade não sei nada de si - isto é um sonho, um mundo de sonhos. Aqui não existe uma realidade. Quando uma experiência estrutural não manipula a consciência (ou o que se lhe queira chamar) a vida é um grande sonho, do ponto de vista experiencial - não deste ponto de vista; mas do seu ponto de vista. Como vê, você confere um sentido de realidade às coisas - não apenas aos objectos, mas também aos sentimentos e experiências - e pensa que elas são reais. Quando não as traduz em termos dos seus conhecimentos acumulados, elas não são nada; na realidade, você não sabe o que são»
Então, o estado de ignorância é como viver num sonho?
«Para si. Na relação com a realidade que dá às coisas, você chama a isso o estado de desconhecer um sonho. Na verdade eu nem sei se estou vivo ou morto».
Não me vou pronunciar sobre as respostas do Senhor U.G. Fica ele com a sua opinião, eu fico com a minha.
Todo o teu texto, toda a tua pintura aqui inseridos podem, assim, enquadrar aquilo que o Homem produz, enformado pelos diversos sonhos que se lhe vão sucedendo nos lobos cerebrais. Sonhar é transpor a crua realidade para um patamar a outro nível que ajuda a sublimar o que pensamos – mas temos dificuldade, senão mesmo incapacidade para concretizar. Por isso guardamos os sonhos ciosa e cuidadosamente, apenas os revelando quando pensamos que já estamos aptos a construir.
Socorro-me, sem ser exaustivo de uns quantos nomes conhecidos, começando pelo Sigmund Freud que disse que «o sonho é a tentativa de satisfazer um desejo». Marcel Proust, perante tal afirmação, escreveu que «se sonhar um pouco é perigoso, a solução para isso não é sonhar menos – é sonhar mais». E Goethe não se ficou atrás: «se pensas que podes, ou sonhas que podes, começa. A ousadia tem genialidade, poder e magia. Ousa fazer e o poder ser-te-á dado».
Adito, ainda, Mark Twain: «nunca te afastes dos teus sonhos. Porque se eles se forem, continuarás a viver, mas terás deixado de existir». E até Shakespeare escreveu que «somos feitos da mesma matéria que compõe os sonhos, e a nossa breve vida está envolta em sono».
E, para terminar, trago aqui o mago do desenho animado, Walt Disney: «podes sonhar, projectar, criar e construir o lugar mais maravilhoso do Mundo. Mas são necessárias as pessoas para tornar o sonho uma realidade».
Como vês, Amigo, esta escolha aleatória – muitos mais se pronunciaram sobre a dicotomia sonhar e concretizar – apenas aqui ta deixo para me certificar de que não estou só nas minhas opiniões. O que para os artistas/sonhadores é igual ao litro.
Abs & qjs à Besuguinha – e muito obrigado pela tua visita e cumentário, com o
Já não nos podem abalar os comentários que o não são! Não perca uma pincelada por causa deles.
Gostava de um poder ver estes quadros com os meus olhos cansados, de ouvi-los de cheirá-los... coisa que os computadores ainda não nos trazem. Gosto muito do que pinta.
O traço perfeito.A cor está genial. Parabéns ao autor , meu amigo(se mo permite)meu cunhado também.Mas amigo e cunhado pode ser um arrumador de carros, um varredor de rua, um sem abrigo, pintor desta qualidade só pode ser quem traz dentro de si a essencia da arte. Parabéms António. Um abraço.
peço descupa, mas não quero comentar o que desconheço .um abraço..fiquem bem
Minha querida Maria Besuga,
Obrigado pelo teu sentir do meu sentir, no meu sentir, pelas tuas palavras sobre os meus gestos....
Gosto das tuas certezas que iluminam e alimentam as incertezas sólidas, seguras e serenas de que se fazem os alicerces das minhas convicções.
Dizes que somos o tempo e o ponto de passagem nele. Sim, tudo em nós, raça humana, é dualidade. Mais, dualidade sobre dualidade, multiplicidade. Dizes que somos poetas. Sim, essa própria condição humana é poesia, o seu substantivo é poema. É da multiplicidade exponencial, num crescendo que vai sucessivamente explodindo. Dalguns de nós brotam da ponta dos dedos, dos olhos e da mente, as palavras, os gestos, os riscos com que se gritam ora em muda tragédia, ora em serena exaltação, todas as substâncias e humores orgânicos da metafísica da alma das certezas, com que sentimos o que se esconde em tudo o que não sabemos. Nos outros ficam lá dentro, mais ou menos conscientes, vagueando, despertando, por vezes, quando se encontram com as que ao espaço foram lançadas.
Pois, nesta consciência, companheira no caminho sol e das brumas que a tempos o velam, com a maior certeza te digo que mais não sei o que sejamos, que não seja caminhantes deste espaço, com a certeza de destino certo, mas ignorado, para além das fronteiras da aventura transformadora da física que, essa, sim, nos perpetuará no pó....dos desertos, das estrelas......
Assim, estamos, como dizes, vivos, sem que saibamos bem, o alcance de tal afirmação, nem a sua relação com o sonho. Sabemos as alterações de consciência próprias da esquizofrenia, da aterosclerose, do uso de estupefacientes e de acidentes cerebrais. Não vive quem as possui uma realidade, uma vida? Não poderá tudo ser um estado de consciência colectivo? Não poderá a outro nível, e outra consciência ser entendida, a vida/realidade consensual como uma loucura colectiva de um grupo maioritário? Qual realidade? Qual a linha que separa uma realidade da sua interpretação?
Quanto ao que faço, à obra, como lhe chamas, saída de mim, minhas sendo, não o são, como filhos dados ao mundo, deles e do mundo são, que a posse mais não é que ilusão. Daí o meu espanto, por vezes, ao concluir a pintura e perceber que o sonho que julgava perseguir afinal me perseguia a mim. Fugindo deles, um antes de acabar o outro, sempre para a frente....
Um beijo no teu beijo, no nosso tempo e no amor....
Isabel Mendes Ferreira,
Ser sábio, é dizer tudo numa palavra.
No seu comentário, cada palavra diz um "tudo"....
Obrigado por me dar um espaço em que o que faço se faz entender, em que a intenção se faz comunicação.
Maria:
O pensamento de U.G. Krishnamurti não é de fácil apreensão para as mentes formadas no modelo civilizacional do ocidente.
Na verdade as respostas da primeira e da segunda pergunta são absolutamente coerentes e uma não é aceitável se a outra o não for.
Penso, que se leres o comentário do nosso amigo Henrique Antunes Ferreira abaixo do teu, a quem o U.G. não é estranho, avançarás mais um pouco. Pelo meu lado, interessei-me pelas suas ideias há alguns anos, ainda era vivo, e fui acompanhando o período final dele, que por si só, foi pleno de matéria de reflexão.
Se te interessares pelo assunto posso dar apoio e orientação na forma de material escrito e orientação de pesquisa. É só dizeres.
Claro, que tudo o que acabei de escrever não põe em causa a legitimidade de discordares do pensamento do homem....apenas deduzo que a estranheza dele te leve a leituras transversais à intenção do seu conteúdo e aí encontres incoerências aparentes.
Beijinhos
Fá Menor:
É verdade, tudo passa e é passagem...
O tempo passa e é uma rota sem mapa, uma estrada de mil ramais, nós e encruzilhadas, um oceano de mistérios, por onde passamos, em todo o espaço de existir, e, plenamente em cada partícula de segundo....tudo o que é uno, se fragmenta, para poder reunir-se na unidade, pulsando como o Universo, como um coração...
Por isso, o tempo e as vivências de por ele passar se sentem, por vezes, como Matrioskas infinitas, umas sempre dentro das outras, até se perder a consciência do princípio e do fim.
Um abraço.
Olá, Miriam:
Obrigado pela tua presença, pelo teu tempo e pela atenção que dás a cada publicação que aqui faço.
Aprecio, reconhecido, todas as intervenções que aqui são feitas, com sincero e fraterno empenhamento de tempo e energia. Esta é uma das faces luminosas deste mundo cibernético, cujas trevas lhe dão o contraponto que mais valoriza o brilho da luz.
Minha amiga, compreendo o teu ponto de vista, e concordo com a maioria das ideias que lhe estão implícitas. Discordamos apenas, nas conclusões que retiramos, ou talvez apenas nas soluções de aplicação prática dessas conclusões. E isso é o suficiente para conversarmos a esse respeito.
Concordo que todos somos seres criativos, e cada manifestação dessa criatividade, independentemente do aspecto de que se revista e do controlo que julgamos ou não ter sobre ela, tem raízes e razões que estão para além da nossa percepção e, mesmo para além, das explicações mais metafísicas que se lhes queiram atribuir. O que eu defendo é que se, em face desta constatação, colocarmos todas as manifestações criativas numa susceptibilidade de receber o mesmo privilégio de atenção selectiva, estamos perante um problema grave. O valor que nesta sociedade à arte, permite-lhe ter um considerável poder de intervenção estética e moral. Se tudo for posto ao mesmo nível essas manifestações anulam-se a si próprias. Se vivessemos numa sociedade ideal, numa utopia, isso seria possível. Todos seríamos verdadeiramente iguais e democráticamente se faria a repartição dos bens e do esforço necessário para os conseguir, na devida porporção das capacidades e necessidades de cada um, e nesse espírito estaríamos, em situação de igualdade capaz de permitir uma troca no mesmo plano dessas experiências do sentir. Mas não é o que sucede. O sucesso de uns trabalhos cria correntes e arrasta outros.
Noutros aspectos que não os da arte, mas, por exemplo os espirituais também há uma diversidade de sensibilidades e de posições individuais, mas para que a humanidade singre no sentido da elevação há necessidade de providenciar alguma orientação. Imagina que se colocava as opções de cada um no mesmo patamar de atenção selectiva. Teríamos uma anarquia de opções que destruíria qualquer possibilidade de o mundo vir a comungar uma harmonia espiritual. E nota que não estou a falar de consenso religioso que considero uma coisa bem diversa de harmonia espiritual.
Percebo perfeitamente que não comentes este post. Penso que lhe encontras conteúdo assente numa base estrutural diferente da que me levou à sua criação. Seria de facto bom, que pudéssemos falar a este respeito, mas como o mais fácil é usar este espaço, tomo a liberdade de, apenas, clarificar alguns aspectos, pelo que peço não me leves a mal.
Como ideal tenho uma imagem de Harmonia Universal, que está para além dos conceitos tradicionais do bem e do mal que hoje estão instalados. Ao longo de todo o seu trajecto a humanidade procurou por caminhos tortuosos encontrar conceitos consensuais para isso, cometendo os maiores crimes e alimentando as fogueiras do inferno em nome dos mais elevados valores morais, com a bandeira do bem, sempre manchada de sangue inocente. (CONTINUA NO COMENTÁRIO SEGUINTE)
(CONTINUAÇÃO DA RESPOSTA AO COMENTÁRIO DA MIRIAM)
Posto que não tenho alinhamento espiritual com qualquer corrente religiosa, mas que simpatizo com uma ideia unificadora de todas as religiões e filosofias espirituais, com todas as suas difrenças e oposições, por acreditar que na essência comum se encontar o Mesmo, apenas fragmentado pela intolerância humana. Ora aqui está uma figura do Mal que é inequívoca. A intransigência humana, e colocada em pontos em opera em nome do Bem. Dizia eu, que apesar dessa ausência de filiação não deixo de aludir aqui a um aspecto do Hinduísmo e das características de Krishna criança no Bhagavata Purana ou jovem príncipe, no Bhagavad Gita em que em si coexistem em equilíbrio as forças do bem e do mal, resultando numa neutralidade que assegura a harmonia e a ausência de sofrimento, parece-me por uma maioria de razões que não cabem neste curto espaço uma mais razoável ideia do que aquela que é vinculada na cultura ocidental.
O que no tríptico deste post se expressa são ideias em que esse ponto de vista se revê.
Miriam, afirmo-te que há Bem que sei ser Bem e Mal que sei ser Mal. E sei de que lado estou e o que quero. Estou do lado do Amor, da Harmonia, da Paz, do Respeito e da Tolerância e contra o Ódio, a Guerra, o Abuso, o Estupro, a Violação, a Intolerância, mas vejo muitos a chamarem mal a coisas que estão bem e bem a coisas que estão mal, outros a confundirem umas coisas com outras, outros ainda a usarem umas em nome das outras, etc. Quantas guerras, quantos crimes, em nome da bandeira do bem...e os inocentes? bem, são efeitos colaterais, dizem, não se podem evitar, acontece....pois eu não aceito como bem.
Por isso te digo, também habita em mim o Espírito Santo de Deus. Aliás em todos nós. E em todos os viventes que connosco repartem este mundo, animais ou plantas. E nas pedras que nos rodeiam. Deus está em tudo e é tudo. E tudo é Deus. É o MIstério que devemos humildemente respeitar e saber amar na relação que com Ele temos. Em Paz e Harmonia.
Também te desejo o melhor, na Paz de Deus.
Recebe um abraço, meu e da Girassol, do lado de cá de tanto mar...
Amigo, Ferreira, Antunes, mais,... ainda,.... considerado. após tão explêndido comentário, a que agora vou responder!
Quanto ao U.G. penso que poderíamos ter uma suculenta cavaqueira, mas ela não cabe, de maneira nenhuma aqui dentro destas linhazitas. Pois, como já disse acima, à Maria dos Alcatruzes, comecei a dar atenção às "tiradas" do homem já lá vão uns bons e largos anos. Durante um tempo bati mal, até porque na minha adolescência e princípio de juventude tinha bebido muito da fonte do outro Krishnamurti, o Jiddu, e a coisa não batia nada uma com a outra, mas acabei por perceber, ou pensar que percebi, o que do ponto de vista dele, vem a dar no mesmo, porque não há nada para perceber.
De resto, quanto ao sonho, tens razão.
Dos trabalhitos, gostes ou não gostes, mais ou menos, dás-me a satisfação de receber uma leitura de grande competência àquilo que são as minhas garatujas, pictóricas ou de cordel, em formato de texto.
Comunicação cumprida.
Em despedida te digo que aprecio todas as alusões que fazes. Bem, aqui ficam, Freud (o avô, o neto poderia por razões outras...), Proust ( o do Tempo Perdido e das Raparigas em Flor, Viva o P. Tamen e sua tradução....), Goethe ( cuidado com Walpurgis e outras atracções pelo abismo....), Mark Twain (crucificado serei, porque nunca li....), Shakespeare (Hello, Lady Macbeth, how evil you look tonight!....) e Disney (a Fantasia de por os garotos a ouvir o Mussorgsky, no Monte Calvo.....)
Abraços de mim e minha Maria B. para ti e teu núcleo familiar.
Maria Lascas!
Obrigado pelas palavras de compreensão pela perturbação causada com o mau uso da caixa de comentários. Não são bem um flagelo, mas apenas um pequeno "escolho".
De facto não me perturba a discordância ou o contraditório. Pelo contrário, estimulo e até gosto que apareça porque faz parte da vida e, assim, as coisas ficam completas. O paradoxo de o conflito ter lugar na harmonia.
Mas, quando, com diz, os comentários não o são, mas apenas intenções e ferramentas de destruição, de minar a estabilidade do livre curso do discurso e da saudável troca de ideias, só resta suster e ignorar.
Sempre que o seu conteúdo mínimamente é compreensível eu publico. Por isso dá lugar a "bailaricos" como os que nesta mesma página tiveram lugar. Incongruências de discurso e opinião entre comentários da mesma origem, que entram agora, são apagados depois, entram de uma maneira, são substituídos depois, por outro meio, enfim, métodos de humor subtil, talvez, que se alargam até à lista de seguidores. Já não há espaço para pasmar.
Como diz, não se deve perder uma pincelada ou um segundo, de tempo, com comportamentos assim...
Quanto aos quadros, de facto, os ecrãs de computador são um meio de visionamento deficiente e potencialmente enganador da pintura. Haverá de vê-los, na presença do original....foram feitos para serem vistos e isso irá suceder.
Obrigado pelo apreço.
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